domingo, 9 de setembro de 2012

Semeando ideias na revista Carta na Escola

 A convite da revista CARTA NA ESCOLA, escrevi sobre a importância do mediador de leitura como semeador de novos leitores na comunidade. O texto saiu na edição do mês passado (nº 68, agosto 2012) e contou com o auxílio luxuoso de uma ilustração de Jonas Santos. Para ler, você pode clicar sobre a imagem abaixo, ou acompanhar o texto, logo após. Mas prefira a revista inteira - ainda nas bancas -, pois ela apresenta ainda muitos outros temas acerca da educação. Hakuna Matata.

 
VAMOS PLANTAR?
A árvore do prazer de ler pode demorar a se desenvolver e brotar. Mas é certo que dela colheremos frutos saborosos!

É provável que você, leitor, tenha desenvolvido uma intimidade com a leitura literária na escola ou na sua casa. Ou em ambos. São esses os lugares onde as sementes da árvore do prazer em ler (ações de incentivo à leitura) - mais florescem; e onde se é possível ter mais adubo à disposição (livros) e ferramentas (gente próxima como pais, irmãos, tios, amigos e professores) para plantar e regar esse saboroso fruto (o leitor).
Poucas pessoas se apaixonam pela leitura (e pela literatura) de forma autônoma, como um fruto que cai no chão, espatifa-se e cuja semente brota pura e simplesmente pela intensa força de vontade de se fazer viva. É raro, mas acontece.
Olhando de perto a nossa realidade, muitas vezes não há sementes, ferramentas e adubos em casa, nem na escola. E crianças tornam-se infrutíferas nessa seara.
Porém há outra forma de cultivo que se desenvolve a passos lentos, porém largos, em nosso país: a formação do leitor na comunidade.
Há, no Brasil, uma série de “especialistas” fora do lar, fora da escola, longe da academia, que – de formas simples e distintas – tem ajudado a formar leitores a partir de dois alicerces aparentemente ao alcance de todos nós: compartilhando sua paixão (pela literatura e pelo ser humano), e oferecendo o acesso ao livro.
A barracoteca de Otávio Junior, no morro do alemão (RJ), a borrachalioteca, de Marco Túlio, em Sabará (MG), o Jegue Livro, de Elza Maria, em Alto Alegre do Pindaré (MA) e ainda a Bibliotoca do Roedores de Livros, coordenado por Ana Paula Bernardes, são exemplos de trabalhos de incentivo à leitura que, de fato, formam leitores, e que podem ser multiplicados. Não é fácil, mas é possível.
Para formar um acervo para o tal “acesso ao livro” você pode planejar uma ação entre amigos, na escola do seu filho, na lista de presentes do seu aniversário. Seja criativo e persuasivo. E que modo mais simples de começar uma ação que carregar os livros numa caixa e mediar a leitura numa praça da sua cidade?
De frente para os leitores, mostre-se íntimo da história e leia-a. Esteja sempre com o livro na mão. Dessa forma, os leitores verão com mais clareza que, embora você tenha vindo “de longe”, a história a que você emprestou a voz com paixão, ritmo e fluidez saiu de um livro.
Não esqueça do outro alicerce: o afeto. Os leitores-ouvintes desejarão folhear o livro, para se parecerem com você, descobrir o que há ali que tanto encantou a ti, da mesma forma que a gente repete um gesto do pai ou da mãe, por admiração.
O bom mediador e seus futuros leitores necessitam desse vínculo emocional como aqueles que encontramos em casa ou na escola. E isso, no meio da comunidade, entre desconhecidos, pode levar algum tempo. Assim como uma semente demora para se desenvolver e brotar. Mas dessa árvore, saiba, é certo: colheremos frutos saborosos. Vamos plantar?

TINO FREITAS é escritor e mediador de leitura do projeto ROEDORES DE LIVROS.

Um comentário:

Jonas Santos disse...

Oi Tino,
Sou o Jonas, foi eu quem fiz a ilustração.
Obrigado pelas palavras, parabéns também pleo texto, envolvente e de muita sabedoria.
Grande abraço