terça-feira, 14 de maio de 2013

Papo pá pum com Tino Freitas!

Dia desses o pessoal da revista virtual GARATUJAS FANTÁSTICAS publicou a entrevista que dei para Thais Caramico na seção PAPO PÁ PUM!!! Foi super! Eles já entrevistaram muita gente bacana envolvida com a Literatura Infantil de todo o planeta. São sempre as mesmas perguntas - e aí a gente pode ver quão diferente pensa essa gente toda. Você pode acompanhar a postagem original da entrevista NESTE LINK ou pode ler a entrevista (somente texto) abaixo.



Papo Pá pum... com Tino Pum Freitas!!!

Sim, entendi que é um Papo Pá Pum... mas, naturalmente eu respondi com uns Puns a mais. Então seguem abaixo minhas respostas para o Papo pá pum pum pum pum... com essa turma do Garatujas Fantásticas. Hakuna Matata!!!

1) Você é autor, ilustrador, escritor, artista ou o quê?

Meu release diz: escritor, músico, jornalista, medirador de leitura... Mas isso é porque a mídia sempre pede rótulos. Na verdade, a palavra “artista” compõe melhor meu eu coletivo. Geralmente sou plural enquanto escrevo: penso no formato do livro, quantas páginas, imagino a ilustração (e vou pensando quem poderia ilustrar melhor aquela ideia). Quando pensei num projeto de um jeito tão já pronto, fechadinho, achei que se tivesse um ilustrador como parceiro eu não daria a ele a liberdade necessária e seria muito, muito chato. No mínimo, perderia um amigo. Por isso me arrisquei na ilustração e fiz um trabalho gráfico, vetorial, para os 3 livros da coleção Na Ponta do Dedo, da editora Callis.

2) Como é o lugar onde você trabalha? Não esqueça de detalhar sua mesa.

Na maioria das vezes que nasce uma ideia, estou fora de casa. Meu lugar é qualquer lugar, desde que haja caneta e papel. O Controle Remoto, por exemplo, nasceu numa mesa de um café. O rascunho foi escrito ali em três guardanapos. Gosto de escrever à mão. Riscar o papel. Só depois me sento à mesa e coloco tudo no computador. Essa “pós produção” é que acontece em casa. Tenho um quarto/escritório com uma mesa em “L” com um iMac cercado de impressora, scanner, porta cacarecos mágico cheio de canetas que não escrevem, uns bonecos de tecido, Cds, livros, cadernos, blocos de notas e muita, muita bagunça. Gosto da minha bagunça. Mesmo quando parece que ela vai me engolir (na verdade, gosto mais dela nessas horas). O porta cacarecos é mágico porque tem o estranho poder de fazer desaparecer tesouras, estiletes, borrachas e réguas exatamente quando mais preciso. Mas é nesse “paraíso” que moldo as histórias que vocês encontram nos livros.

3) Quais cores e técnicas são suas melhores amigas?

Gosto dos azuis... acho que é culpa dos Smurfs. E, na seara visual, gráfica, só me imagino trabalhando com ilustração vetorial. Ou não.

4) Você gosta de brincar com as palavras?

Palavra também é brinquedo. Acredito nisso. E há tempos sigo aprendendo a brincar. E convidando os leitores a brincar comigo. Atualmente escrevo uma história de uma personagem que só aprendeu 4 letras: OBDC.

5) Por que seus livros carregam o selo de infantil, se eles fazem bem para todas as idades?

A gente escreve para sensibilizar a infância, não é mesmo? Então a vantagem é que são livros que as crianças TAMBÉM podem ler e se emocionar. Mas que os adultos – talvez por uma questão de educação (ou falta de) – não se dão ao trabalho de conhecer de forma espontânea. No Brasil, eu entendo que esse “rótulo” (literatura infantil) se deve muito a uma questão de mercado. Mas há características intrínsecas como a questão da utilização da imagem como parceira do texto no complemento da leitura; o uso de um texto que alcance esse leitor em formação. Enfim, há um porquê. Mas acho que é mais pelo “TAMBÉM” do que pelo “SOMENTE” para crianças.

6) Qual livro você gostava de ler quando criança?

A primeira lembrança que me vem à memória quando penso em leitura são os gibis. Me tornei leitor por causa deles. Mas quando penso em livros, lembro da coleção TABA (em que histórias de Joel Rufino dos Santos (Marinho, o marinheiro), Sylvia Orthof (Dona Lua vai casar), Ruth Rocha (Bom dia todas as cores), entre outros, vinham acompanhadas de um discquinho com a narração dramatizada do texto e músicas da MPB). Outro livro que não esqueço é uma adaptação da Record para A Pequena Vendedora de Fósforos, do Andersen.

7) Até cinco livros seus que você ama e uma obra de outro autor atual, que todo mundo deve conhecer. 

Cadê o juízo do menino? (il. Mariana Massarani, Manati) – meu livro favorito, seja por questões emocionais (foi o primeiro), seja porque as crianças A-D-O-R-A-M as ações e rimas malucas e, claro, procurar os parafusos ao final.
Quem quer brincar comigo? (il. Ivan Zigg, Abacatte) – meu primeiro livro-objeto (em que o livro ajuda a contar a história). Aqui, as dobras agem como uma porta que se abre e à medida que a página de agiganta as visitas são maiores.
Os Três Porquinhos de Porcelana (il. Walther Moreira Santos, Melhoramentos) – Já disse nessa entrevista que palavra também é brinquedo. É nessa fábula moderna que eu mais exercito essa ideia.
O Livro dasBolhas de Sabão (Callis) – Mais um livro-objeto, dessa vez, inspiradíssimo no Press Here, de Hervè Tullet (um cara que eu A-D-O-R-O). Para mostrar que livro-interativo não é exclusividade para e-books e tablets.
Os Invisíveis (il. Renato Moriconi, Casa da Palara) – texto e imagem lado a lado, dialogando com o leitor, tocando num tema sensível (invisibilidade social) e a serviço da emoção. Porque a boa literatura TEM que emocionar.
A bruxinha e o dragão (Jean-Claude R. Alphen) – Tenho gostado mais e mais do trabalho do Jotacê. Nesse livro (um dos melhores publicados em 2012) ele arrasa com seu humor fino tanto no texto, quanto nas ilustrações. Biscoito fino.

8) Quando é melhor ler ou pintar?

Estou sempre lendo. Mesmo quando ilustro uma ideia. É melhor ler o tempo todo. Pintar, gosto de pintar o sete quando estou com os leitores contando histórias ou falando dos livros. Me divirto tanto – ou mais até – que eles.

9) Se uma garatuja estivesse ao seu lado agora, o que você escreveria ou desenharia para ela?

Eu tenho mania de interferir nas coisas, de dar palpite. Uma vontade natural de me juntar a. Naturalmente intrometido, sabe? Nesse caso, provavelmente eu faria mais garatujas, para dialogar – ou tentar - com a original.

10) A propósito, o que é uma garatuja para você? E quatro garatujas fantásticas?

Uma garatuja é a expressão mais pura da arte como impulso. Uma força primitiva, criativa. O rascunho, a faísca que acende a ideia (quando a gente, ao mesmo tempo em que comunica, aprende a escolher os caminhos). Quatro garatujas? Brainstorm!!! Muita coisa boa faiscante!!! Assim como esta revista digital!!!

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